MIRACEMA RJ
História
A colonização do território do Município de Miracema é atribuída aos esforços de D. Ermelinda Rodrigues Pereira, primitiva proprietária das terras que constituem o distrito sede.O crescimento da povoação motivou em 26 de Janeiro de 1880, a criação do Distrito Policial de Santo Antônio dos Brotos.
Em 9 de setembro de 1881, foi criado o Distrito de Paz e, em 13 de abril de 1883, atendendo à solicitação da comunidade através da Câmara de Pádua, o governo provincial resolveu mudar a denominação de Santo Antônio dos Brotos para o de Miracema, que, no idioma tupi guarani significa ybira – pau, madeira e cema – brotar e, em se tratando de eufonia da palavra, sugeriu o Dr. Francisco Antunes Ferreira da Luz que se trocasse o Y por M.
Geografia
Miracema tem como municípios limítrofes:- Ao Norte: Itaperuna e Laje do Muriaé.
- Ao Sul: Santo Antônio de Pádua (Rio de Janeiro).
- A Leste: São José de Ubá.
- A Oeste: Palma (MG).
Miracema está à margem das Rodovias Estaduais RJ 116 e RJ 200. Através da RJ 116, o Município liga-se à BR 356, que se une à BR 101 em Campos dos Goitacazes e à BR 116 em Muriaé (MG). Em direção ao sul, a RJ 116 liga MIRACEMA a Santo Antônio de Pádua e Itaocara. A rodovia RJ 200 liga o Município de Palma (a partir da divisa) ao Distrito de Paraíso do Tobias.
Com uma área de 306 km² de extensão e altitude média de 137 metros acima do nível do mar (sede), o Município de Miracema é composto por três distritos:
- 1° Distrito – Miracema (SEDE)
- 2º Distrito – Paraíso do Tobias
- 3º Distrito – Venda das Flores.
Relevo
O relevo é acidentado em toda sua extensão, destacando-se as seguintes elevações: Pontão de Santo Antônio, Pico do Morro Azul, Pico de Santa Maria, Pico Ricardo Simão, Pico do Gavião e as Serras do Sossego, da Cascata, Alto Caboré e a de Flores.Hidrografia
A rede hidrográfica é representada por pequenas correntes fluviais, das quais se destacam: Ribeirão Santo Antônio e Bonito e os córregos Sobreiro; Água Limpa: Serra Nova, Liberdade, Barreirinho, Duas Barras, Pirineus, etc. A bacia lacustre é formada pela Lagoa Preta e muitos açudes.Clima
O clima é tropical, com as estações chuvosas no verão e seca no inverno. A precipitação média anual está em torno de 1.200mm de chuvas, sendo junho, julho, e agosto os meses mais secos (médias de 22,5mm/mês) e novembro, dezembro e janeiro, os meses mais chuvosos (média de 266,5mm/mês). As temperaturas são elevadas. Os meses mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro. Os meses mais frios são também os mais secos – junho, julho e agosto.Solo
Os solos do município são do tipo latos solo alaranjado, podzólico vermelho – amarelo, hidromórficos e associação latossolo alaranjado podzólico.Vegetação
Na vegetação predominam plantas rasteiras. As áreas de matas (Mata Atlântica)estão reduzidas a 9% da área do município.Economia
Miracema, desde os seus primórdios até o fim do século XIX, contou com intensa vida econômica e social, verificando-se enorme surto progressista, época em que suas lavouras de café, arroz, milho e feijão abarrotavam os mercados, aos quais chegavam em lombos de burros, via São Fidélis, e a partir de 1883, pela Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua – Ramal Miracema.Em 1891 o governo atribuiu-lhe a categoria de distrito. Com o progresso da localidade, a população passou a pleitear junto às autoridades estaduais a criação do município. Após dezesseis anos de luta, com intensa participação popular, conseguiu-se que, em 3 de maio de 1935, fosse criado o município de MIRACEMA e o instalaram festivamente em 3 de maio de 1936. Em 31 de dezembro de 1943, foi o município elevado a categoria de Comarca. Com sua emancipação político-administrativa, Miracema recuperou-se da derrocada do café e foi iniciada a cultura do algodão para abastecer a fábrica de tecidos São Martino e, concomitantemente, desenvolveu a cultura da cana-de-açúcar em ação conjunta com a Usina Santa Rosa. Foi crescendo a cultura do arroz irrigado, juntamente com a pecuária leiteira, que é a principal atividade rural do Município. As culturas de milho, feijão e café são considerados de subsistência.
História Econômica
Entre 1830 e 1930 a região exportou, em café, valores superiores aos da exportação de ouro e diamantes de Minas Gerais. Graças ao preço do café na Europa, Miracema liderou a região em um processo de enriquecimento.Para a fabulosa produção cafeeira do período foi necessária uma enorme quantidade de mão de obra escrava.
Na década de 1930, o poder político do Estado de São Paulo obrigou Getúlio Vargas a diminuir os cafezais do Rio de Janeiro, destruindo todas as lavouras existentes em Miracema. O café fornecia 80% dos recursos do município.
Nas décadas de 60 e 70 seus canaviais submergiram na onda verde da cultura tecnificada ocorrendo uma diminuição sensível da renda do município.
Por último o arroz, que ainda segurava a economia, foi suplantado pela eficiência e tecnologia dos Estados do Sul do país na década de 1980.
A cidade de Miracema torna-se assim detentora de um enorme contingente de pessoas egressas do trabalho na lavoura e praticamente 80% afro descendentes.
A Imprensa Miracemense
Segundo o jornalista, escritor e poeta Bruno de Martino, em seu artigo 'Origem e Projeção da Imprensa Miracemense', publicado no jornal Estado Novo nº 59, de 1939, "Miracema desde a idade em que engatinhava deu-se por inteira aos surtos das letras. O seu número reduzido de intelectuais se contrastava com a alentada quantidade de homens da lavoura e do comércio, a todo momento inquietados pelos facínoras que a faziam de doce refúgio". Pois foi assim, nesse clima, em que bandidos ditavam a lei, que surgiu o nosso primeiro jornal - O DISTRITO - fundado por João Antonio Hassel em 18 de novembro de 1896. Com sua coragem, João Antonio Hassel denunciava os terríveis crimes cometidos em Miracema e a revolta da escassa população.Em 4 de dezembro de 1898, circulou o primeiro número de O Miracemense, de Firmino de Carvalho (Pai de Barroso de Carvalho). Foi em suas colunas que o jornalista abateu para sempre a ambição dos mineiros que pleiteavam a todo o instante a posse do então 2º distrito de Santo Antonio de Pádua. Com o seu falecimento em 17 de agosto de 1900, O Miracemense passou a ser redigido pelo português Adriano do Vale, que por acaso veio parar em Miracema. Tendo sido absolvido, após tentar contra a existência do Imperador D. Pedro II à saída de um teatro no Rio de Janeiro, Adriano resolveu viajar pelas localidades fluminenses como agrimensor prático. Aqui chegando, passou pela tipografia de O Miracemense onde ouviu um grupo comentar em voz alta os sucessos que o haviam absolvido, pois alguém havia levado ao jornal a notícia de sua chegada. Foi quando o mais novo dos que conversavam disse: "Não o conheço mas teria grande honra em fazê-lo meu amigo!". Era Firmino de Carvalho. No mesmo instante, Adriano do Vale entrou e deu-se por conhecido.
Em 1901, circulou O MIRACEMA, de Antonio Costa. Em 14 de abril do mesmo ano, surgiu A TROMBETA e em 1º de junho de 1902, A SEMANA, ambos com redação do poeta e professor Mário Fontoura e A. Roussiliers, que devido a problemas políticos, foi forçado a substituir seu nome pelo pseudônimo I. Roma. Ainda de 1902 são: A BRISA, de João Moraes Júnior; O CROMO, de Heitor Leal, ambos de pequeno formato, dedicados ao público infantil; A ASA; O MELRO; A SÁTIRA; O BALUARTE e O BIJOU.
Em 1905 foi a vez de O AGRÁRIO, de Francisco Perlingeiro, órgão do partido político do Clube Agrícola de Miracema, que era editado na Fazenda do Tyrol, em Venda das Flores. Contribuiu muito com as classes produtoras e com o progresso da região. Em 1907, saía aos domingos O ARAUTO. Depois vieram O CORREIO DE MIRACEMA, de Clenório Bastos; O MUNICÍPIO; A NORMA (1909); O BLOCO (1915), de Lucas Damasceno e Lino Alves; A VERDADE, de Lauro Martins e Contran de Carvalho; A GAZETA DOS NAMORADOS (1923), jornal humorístico da mocidade miracemense; A NOVA PHASE (1925), de Barroso de Carvalho e Antero Perlingeiro. Também em 1925 surgiu o LIBERTAS, de Melchíades Cardoso - órgão do Partido Separatista de Miracema, que acompanhou passo a passo a campanha separatista de 1925 a 1934.Surgem ainda O REBATE (1926), de Sinval Bernardino de Barros, que se propunha a defender os interesses do município de Pádua; MIRACEMA ILUSTRADA (1927), de Bruno de Martino; O PAPAGAIO (1928), de Jamil Félix, David Chacar e Miguel Barros - órgão de críticas leves e humorismo fino; O JAZZ (1928), de Wady Miguel - órgão de propriedade da elite miracemense; MIRACEMA SPORT (1929), de José Naegle, Dyrcêo Braga e Fued Damian; A MARRETA (1929), de Miguel Barros, Euclydes Jannotti, Manoel Moraes Mattos e Benedito Alves da Silva - órgão crítico, humorístico e noticioso; O ESTADO DO RIO, de Bruno de Martino; O DIÁRIO DE MIRACEMA, de Altivo Linhares e Bruno de Martino; O LIBERAL (1931), de Altivo Linhares - órgão dos Legionários de 1930; O BRASIL DE AMANHÃ, de Arthur Pinto Júnior e Othério Andretti - órgão da mocidade miracemense; A COISA (1931), órgão crítico da mocidade miracemense; MIRACEMA JORNAL (1933), de José Naegle; CORREIO DO POVO (1935), de Bruno de Martino; A DEFESA (1937), de Paulino Machado - jornal manuscrito - pagava-se a locação pela leitura (2 réis); ESTADO NOVO, de Humberto de Martino, posteriormente dirigido por Danilo Cardoso; JORNAL DE MIRACEMA (1949), de Antonio F. Carvalho; O LIBERTADOR (1953), de Altivo Linhares - órgão do Partido Libertador; O MOMENTO DE MIRACEMA (1971), de Édson Monteiro de Barros; O PORTA-VOZ (1979), de Geraldo Ivan Andrade, atualmente dirigido pelo jovem Júlio César Moreira Santos; DOIS ESTADOS, de Laelson Marques de Barros; O TEMPO, de José Renato Martins Mercante, e finalmente PÁGINA UM, de Marcelino Alvim Tostes."
Miracemenses famosos
- José Itamar de Freitas, ex-diretor do programa Fantástico
- celio silva, ex-jogador de futebol,
Quem nasce em Miracema é miracemense
Fonte: Wikipedia